Araujia sericifera Brot.

Espécie

Araujia sericifera

Descritor

Brot.

Género
Família
Ordem
Sub-classe

Asteridae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Microfanerófito

Distribuição Geral

Nativa SE América do Sul

Nome(s) comum

Chuchú do mato
Planta-cruel

Habitat/Ecologia
Sinonimias

No JBUTAD

Sim

Colecção temática

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

Um povoado e denso bosque de papéis e pastas recobriam a sua mesa, naquela iluminada tarde que lenta e inexoravelmente ia caindo sobre o palácio da rua do Passeio. O calor húmido e suave, empurrado pelo vento do mar, entrava desafiante através do corredor. Com a ansia que a esperança desperta, os seus olhos passeavam pelas linhas que o seu entranhável amigo enviava desde Lisboa. Delicadamente agradecia o material, que tinha chegado em perfeitas condições às suas mãos. Não tinha qualquer dúvida em relação à família, pois as caraterísticas das Apocináceas (família Apocynaceae) estavam bem patentes na forma oblongo-elíptica das suas folhas, na disposição oposta com curtos pecíolos e nas flores simpétalas que em paucifloros glomérulos surgiam nas suas axilas (por vezes com uma única flor). “O Félix sempre tão tímido”, pensava enquanto lia os humildes e profundos agradecimentos por tão valioso correio.

Aquelas palavras tão eloquentes sempre tiveram mais peso quando proferidas por ele. De porte sóbrio e robusto, Félix sempre entrava silencioso e procurava sair calado. Só alguma conversa descaída sobre flora acendia os seus olhos e agitava a sua língua, mas sempre com a contenção e paz que as suas sabias palavras exalavam. “Só ele podia ser”, pensava o António quando o contemplava nas acesas e iluminadas discussões em Coimbra ou na Academia das Ciências. Se calhar ele também seria dos poucos que compreenderam o espírito incansável que, quase como uma doença incurável, saltavam no peito do António.

“Obrigado, amigo” -exclamou alegre no fim da sua concentrada leitura. O insigne botânico português Felix de Avelar Brotero tinha dedicado, oficialmente, uma espécie vegetal ao seu camarada e amigo António de Araújo e Azevedo. Desde esse momento, uma das lianas mais comuns das florestas subtropicais de América do Sul levaria para sempre a sua memória. A Araujia sericífera Brot. passaria a contar também a vida de um Homem, de um espírito irrequieto e sempre ávido por saber, de uma época também desejosa por mudar. A lembrança de um amigo que sempre soube o valor do agradecimento.

Hoje esta planta está em Portugal. Não sabemos ainda muito bem como, mas começa a aparecer já em diversos locais. Terrenos alterados e com alguma outra planta ou objeto que permita o seu crescimento envolvente, a Araujia sericífera ou Planta-cruel já forma parte da nossa flora, da flora do país que viu nascer ao Homem que cedeu o seu nome para que todos nós a conhecêssemos.


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

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Ficha técnica da espécie
Araujia sericifera

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