Armeria beirana Franco

Espécie

Armeria beirana

Descritor

Franco

Género
Família
Sub-classe

Caryophyllidae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Hemicriptófito

Distribuição Geral

W Península Ibérica

Nome(s) comum

Habitat/Ecologia
Sinonimias

Armeria beirana Franco subsp. monchiquensis (Bernis) Franco
Armeria carpetana E. H. del Villar subsp. anisophylla (Bernis) Franco
Armeria duriensis Franco subsp. sublittorea (Bernis) Franco
Armeria latifolia auct. lusit., p.p., non Willd.
Armeria maritima Willd. subsp. ciliata (Lange) Bernis var. sobrinhoi Bernis subvar. genuina Bernis
Armeria montana P. Cout.
Armeria rigida sensu P. Cout., p.p.

No JBUTAD

Não

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

Curiosidades ou não, o certo é que os comportamentos evolutivos são certamente imprevisíveis, pois estão sujeitos a uma gigantesca dose de não-linearidade. O quê é que queremos dizer com isto? Pois uma coisa tão simples como a que lhe acontece a Dª Gervásia ao longo dos últimos vinte anos da sua vida.

Dª Gervásia é funcionária de uma estressante repartição da Câmara Municipal do seu concelho. Ao longo de vinte anos repete, entre Segunda e Sexta-feira, a mesma operação: sai da sua casa pelas oito horas e um quarto e, após vinte ou vinte e cinco minutos de transporte público chega ao seu local de trabalho. Só doenças esporádicas ou outras raríssimas exceções alteraram esse ritmo quotidiano da nossa amiga. Um dia, repentinamente, a Dª Gervásia dá por ela no autocarro ao caminho do trabalho e uma pergunta assalta a sua mente: será que todos os dias de trabalho dos meus últimos vinte anos foram sempre iguais? Assim que este pensamento passou pela sua cabeça olhou imediatamente para a rua. Uma sensação de alívio acalmou a sua inesperada angústia, pois rapidamente reparou que realmente não era assim.

Ao longo das nossas vidas podemos ter, algumas vezes, essa cíclica e incómoda sensação de estarmos a fazer as mesmas coisas. Porém temos se olharmos só para o cenário que nos envolve e veremos que tal sensação não passa disso… de uma sensação. Os ambientes em que quotidianamente vivemos nunca repetem as mesmas coisas. Sempre existe uma pequena alteração que acaba por transformar de modo contínuo a paisagem, e o que parece estupidamente igual passa a ser persistentemente diferente.

Hoje vemos um exemplo que pode ilustrar bem este fenómeno. Trata-se de um endemismo rigoroso do noroeste da Península Ibérica (que ainda deve ser objeto de um estudo botânico profundo, pois está em plena transformação morfológica e genética), a Armeria beirana Franco. Esta Plumbaginácea (família Plumbaginaceae) é mais um exemplo vivo de uma estratégia evolutiva adotada pelos Cravos silvestres, que culminou na criação de inflorescências que nos fazem lembrar os capítulos das Margaridas ou dos Crisântemos. Entre os Cravos ou Cravetes, especialmente alpinos, é possível observar como teve lugar este processo evolutivo, que acabaria por desenvolver uma família própria (a das Plumbagináceas), diferente daquela que engloba os Cravos (a família das Cariofiláceas -Caryophyllaceae-). A aproximação e agrupamento das flores nesses glomérulos ou botões florais não foi, contudo, muito fácil. Entre outras coisas, este processo evolutivo obrigou a que as flores criassem uma disposição oblíqua em relação ao seu pedicelo, gerando uma pequena gibosidade na base do cálice. Um pequeno erro como este poderia ter tido dramáticas consequências, mas acabou por ser mais uma oportunidade para diversificar comportamentos e, deste modo, fazer com que as Plumbagináceas se transformassem numa das famílias mais complexas e diversificadas (se tivessem alguma dúvida neste sentido consultem uma das revisões deste género, no endereço http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/02_055_02_Armeria.pdf).

Este fenómeno de diversificação resulta determinante, pois faz com que a vida das Plumbagináceas pareça monótona mas, ao mesmo tempo, esteja muito longe disso. Dependendo das condições ambientais de cada ano, as respostas fisiológicas e morfológicas destes Cravetes serão muito diferentes. Todos os anos poderemos encontrá-los nos mesmos locais, mas todos os anos seremos assaltados pela mesma dúvida: quem tu és…!?


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

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Ficha técnica da espécie
Armeria beirana

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