Ceratonia siliqua L.

Espécie

Ceratonia siliqua

Descritor

L.

Género
Família
Ordem
Sub-classe

Rosidae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Microfanerófito

Distribuição Geral

De origem incerta, julgando-se que seja Região Mediterrânica e Macaronésia (Canárias); subespontânea em Portugal e outras zonas de clima temperado

Nome(s) comum

Alfarrobeira
Figueira-do-Egipto
Fava-rica (fruto)

Habitat/Ecologia
Sinonimias

No JBUTAD

Sim

Perfil farmacológico
    PT - Laxante, Emoliente, Antidiarreico (decocção), Antitússico e Estabilizador da flora intestinal.
    Chiej. R. Encyclopaedia of Medicinal Plants
    Chevallier. A. The Encyclopedia of Medicinal Plants
    Chopra. R. N., Nayar. S. L. and Chopra. I. C. Glossary of Indian Medicinal Plants (Including the Supplement).
    PT - Adstringente e Purgativa (casca das sementes e raíz).
    Chopra. R. N., Nayar. S. L. and Chopra. I. C. Glossary of Indian Medicinal Plants (Including the Supplement).
    PT - Citotóxicos e Antioxidantes (compostos fenólicos).
    Custódio L, Escapa AL, Fernandes E, Fajardo A, Aligué R, Alberício F, Neng N, Nogueira JM, Romano A. Phytochemical profile, antioxidant and cytotoxic activities of the carob tree (Ceratonia siliqua L.) germ flour extracts. Plant Foods Hum Nutr. 2011 Mar;66(1):78-84. doi: 10.1007/s11130-011-0214-8.
    IF - O poder laxante pode alterar o ação de alguns fármacos.

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

Nas mentes de todos pululava a mesma questão: plantar uma Alfarrobeira…? Por qué? Há tantas plantas bonitas e vão escolher aquela foleirice…!!

Tomar decisões não é certamente uma tarefa fácil, mas neste caso houve sempre uma estranha vontade que empurrou, desde o início do processo, a esta escolha. A história começa num dia em que um dos nossos colaboradores, sempre incansável e persistente, propõe a ideia: “… e se pedimos aos G.N.R. para apadrinhar uma árvore ou uma coleção temática?” Esta ideia apoderou-se imediatamente de todos nós.

- Os G.N.R.? -pensámos todos-… seria genial…!

A segunda questão parecia já mais técnica: uma árvore ou uma coleção? Mas também não demorou muito tempo para encontrar uma resposta a essa pantanosa indecisão: … as duas coisas! Afinal estávamos a falar de um dos grupos de música português mais resistentes e criativos. Uma verdadeira lenda da música contemporânea deste país no jardim botânico da UTAD. Certamente não houve qualquer dúvida nessa decisão. O único dilema surgiria na coleção e na árvore que poderiam vir a apadrinhar, … e aqui também não houve muitas dúvidas…

As Idades do Homem é uma coleção inaugurada neste mesmo ano, em homenagem a dois excelentes etnobotânicos: Jane Renfrew e José Alves Ribeiro. Esta pequena coleção, que não ocupa mais de 3 000 metros quadrados, é um apêndice de outra muito maior e mais antiga, a coleção das Arcaicas. A localização das Idades do Homem não podia ser outra do que esta, pois tenta representar, de modo muito esquemático, a mudança da vegetação que o Homem presenciou desde que iniciou a sua entrada no Oeste da atual bacia Mediterrânica, até chegar à própria domesticação de parte dessa flora. Neste sentido, grupos como os G.N.R. foram também testemunhas ativas das recentes mudanças da sociedade portuguesa e, por esta razão, a coleção temática que apadrinhassem devia entranhar também esse espírito observador ao mesmo tempo que interventivo.

Mas, e a Alfarrobeira…?

A história da Alfarrobeira é certamente uma história de amor, resistência e perseverança. Ceratonia siliqua L. é uma dessas Caesalpinoídeas (Família Fabaceae, subfamília Caesalpinioideae) originárias do Centro e Oeste da bacia Mediterrânica. Há vários exemplos deste grupo paleotropical ao longo de toda a bacia, o que indica a existência antiga de bosques tropicais no que hoje conhecemos como região Mediterrânica. De facto, este assunto é do maior interesse, pois como já comentámos algumas vezes aquilo que conhecemos como clima Mediterrânico não é mais do que um tipo de regime climático paleotropical com invernos. Em qualquer caso, a nossa humilde Alfarrobeira sofreu certamente perante a dramática mudança climática Pleistocénica, com a brusca diminuição da temperatura média e a presença constante de terríveis processos glaciares assolando a Península Ibérica e o Noroeste da África. O resultado foi a quase extinção desta espécie, restringida a indivíduos isolados nas zonas mais cálidas do litoral Mediterrânico. Curiosamente, as muito apreciadas propriedades alimentárias das suas sementes fizeram com que este precursor das Leguminosas acabasse por ter um interesse acrescido para agricultores e ganadeiros, que foram semeando e plantando indivíduos aqui e acolá, ajudando à disseminação da espécie. Afinal aquela que tanto quis ficar connosco acabou por ser apadrinhada por todos nós. Acaso não era a mais indicada para ser também a primeira afilhada do jardim botânico da UTAD…?


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

Espécie de interesse florestal

Informação cedida por

Distribuição geral: Considera-se a origem possível da alfarrobeira o Mediterrâneo oriental, distribuindo-se atualmente desde o Egipto à Grécia, Sul da Europa, ilhas mediterrânicas, Norte de África, Sudoeste dos EUA, Hawai, Austrália e África do Sul. Em Portugal, é no Algarve onde se concentra o seu cultivo. Nesta região consegue plena maturação dos frutos, sendo, porventura, também possível na Terra Quente Transmontana. O clima parece ser a maior limitação à expansão da alfarrobeira.

Caracterização geral: Regista-se uma diminuição da atividade vegetativa da alfarrobeira a temperaturas abaixo dos 10°C, sofrendo danos quando a temperatura mínima é menor que 4°C. Para se observar a frutificação parece ser o bastante 350 mm de precipitação anual, embora sobreviva com menos pluviosidade. Alguns autores consideram a alfarrobeira uma espécie de luz. A geada e o nevoeiro em Setembro e Outubro (época de polinização) parecem interferir diretamente na adaptação da alfarrobeira. Os ventos fortes provocam lhe prejuízos nomeadamente sobre os ramos principais das árvores, partindo-os. É uma espécie indiferente de uma maneira geral ao tipo de solos. Vegeta e frutifica bem desde que os solos sejam bem drenados, recaindo no entanto a sua preferência nos solos de textura franca a franco-argilosa. A tolerância ou até a sua preferência (segundo alguns autores) por solos calcários é uma particularidade da alfarrobeira. As árvores produtoras são enxertadas na globalidade, deixando-se 5% de indivíduos masculinos (alfarrobeirões) regularmente distribuídos no terreno, sendo determinantes no sucesso da polinização. A enxertia é efetuada em porta-enxertos com diâmetros de 2 a 5 cm, na Primavera ou no fim do Verão/princípio do Outono e à razão de 3 a 4 enxertos/árvore, bem distribuídos pela copa e provenientes de plantas femininas. Todos os outros ramos são cortados. Trata-se de uma operação a realizar entre os 1.º e o 4.º anos de idade. A alfarrobeira frutifica em ramos com mais de três anos de idade.

Propriedades e utilizações: O fruto da alfarrobeira, a alfarroba, valoriza-se pela polpa e a semente. A polpa usa se principalmente na produção de melaço, sendo utilizada em pastelaria e confeitaria. Dos aproveitamentos mais importantes da semente registam-se o endosperma com utilizações no fabrico de gomas, das quais 75% na alimentação humana (sopas, gelados, molhos, queijo) e 25% na indústria (comidas enlatadas para os animais, indústria farmacêutica, têxteis, papel); o germe, pelo seu alto teor em proteínas, fósforo, potássio e em vitamina B2, é também usado no fabrico de produtos dietéticos.

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Ficha técnica da espécie
Ceratonia siliqua

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