subesp. elaterium
Informação
Ecballium elaterium
elaterium
(L.) A. Rich.
Rosidae
Magnoliopsida
Magnoliophytina (Angiospermae)
Spermatophyta
Hemicriptófito
Região Mediterrânica e Macaronésia
Momórdica
Pepineiro-bravo
Pepineiro-de-São-Gregório
Pepino-de-São Gregório
Pepineiro-selvagem
Não
Distribuição em Portugal
Um excelente purgante de largo espetro, antirreumático, estimulante cardíaco, abortivo, analgésico, anticancerígeno, catártico e nefrítico, mas também um veneno extremamente tóxico e mortal. Ecbalium elaterium (L.) A. Rich., vulgarmente mais conhecido por Pepino-de-São-Gregório, é mais um exemplo da evidente importância das Cucurbitáceas (família Cucurbitaceae) na história da Humanidade. Uma relevância que, no entanto, deve ser comentada com mais pormenor. O sucesso ecológico das Cucurbitáceas está relacionado com um conjunto de caraterísticas vegetativas e reprodutivas que permitem uma variabilidade de respostas estrondosa. De facto esta família é basicamente constituída por plantas com capacidade para trepar, embora possam transportar este hábito para crescerem não verticalmente mas sim de modo horizontal, adquirindo uma aparência prostrada. O tipo de frutos também fazem desta família um verdadeiro festim para muitos organismos, disseminadores e fertilizadores involuntários das suas sementes. A sua composição química responde igualmente à elaboração de verdadeiros repelentes naturais, que impedem a digestão das estruturas vegetativas da planta, não permitindo assim que possam ser um alvo fácil ou apetecível para os potenciais predadores. Ao mesmo tempo, a proteção epidérmica resulta certamente imprescindível para garantir essa morfologia trepadeira das espécies desta formidável família botânica, proporcionando dureza e proteção à secura. E muitas outras capacidades vão acrescentando-se a uma lista indiscutível de respostas, como por exemplo a facilidade em criarem gavinhas com as que segurar os seus caules, ou distribuir as suas folhas de modo a proteger melhor as estruturas reprodutivas.
Com todo este conjunto de propriedades, não resulta difícil compreender como as Cucurbitáceas conseguem estar presentes nos dois hemisférios do planeta. Desde bosques tropicais húmidos até desertos áridos e secos, as Cucurbitáceas estarão sempre disponíveis para trepar ou para rastejar à procura do seu espaço vital. Por tal motivo não é estranho que estas plantas sejam um verdadeiro caldo de substâncias químicas, com um genuíno formulário químico ainda por explorar. O exemplo de hoje é mais um, que nos ajuda a compreender como a variabilidade de respostas acaba por associar-se a uma considerável utilidade económica por parte do Homem. O Pepino ou Pepineiro-de-São-Gregório é tradicionalmente conhecido pelo seu caráter tóxico, ao mesmo tempo que pelo original modo de disseminação das suas sementes (literalmente projetadas desde os seus frutos, a modo de um sistema de hidrosementeira mecânica). Mas juntamente com esta propriedade disseminadora tão original e eficiente, toda uma autêntica farmácia é suportada por esta original erva, que chega a mudar os seus ciclos vitais (de anuais a perenes) para melhor responder às condições ambientais onde esteja presente. Cucurbitacina, elaterina e elatéridos, profetina, hidroclaretina e ácido ecbálico são os principais compostos até hoje conhecidos, fornecidos por este vistoso e resistente Pepineiro-selvagem. Não resulta assim estranho que elevadas doses desta planta consigam provocar a morte de qualquer incauto que recorra a ela sem medida nem concerto. Essa curiosa contradição, a que através da procura da cura pode levar-nos à morte, forma parte da maravilhosa mensagem da natureza: querer saber fará de nós seres ainda mais insignificantes.
Por: António Crespí
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