subesp. microcarpa
Além do registo atual, outros registos disponíveis:
Informação
Iberis procumbens
microcarpa Franco et P. Silva
Lange
Rosidae
Magnoliopsida
Magnoliophytina (Angiospermae)
Spermatophyta
Caméfito
Litoral C Portugal
Assembleias
Iberis contracta auct.
Não
Acesso por QRCode
Distribuição em Portugal
São esses dias cinzentos e chuvosos, em que parece que o céu está literalmente a cair sobre nós querendo arrebatar-nos espaço e vida; em que o nosso mundo se faz muito mais pequeno e todos os nossos fantasmas vão batendo à porta. É assim, com essa consciência adulterada e ressentida em que damos em nós próprios a pensar se vale a pena continuar a nadar contra a corrente. Não tem qualquer sentido discutir, teimar, querer, mostrar, sentir pois afinal o resultado será sempre o mesmo, os mesmos olhares, os mesmos silêncios, a mesma indiferença... É aqui quando, de repente, elas aparecem e nos abanam, explodem aos nossos olhos e exaltam esse ânimo moribundo que nos assombra.
A foto de hoje é, certamente, uma exaltação. Estamos perante um endemismo rigoroso lusitano, uma pequena herbácea vivaz da família das Crucíferas (família Brassicaceae) que entre Maio e Junho surge sobre areias próximas ao litoral. Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva é um exemplo dessa luta contra tudo e todos. A crise Jurássica tinha chegado ao seu fim e as plantas vasculares precisavam de mudanças radicais. Era necessário explorar a capacidade coletiva de desenvolver sistemas reprodutivos mais diversos e complexos. As flores que hoje vemos são um exemplo deste esforço aparentemente absurdo e sem qualquer sentido para a sua época. As Crucíferas não só tentam desesperadamente reduzir as suas peças florais e vão mais além, transformando o seu invólucro e aproximando as flores dos seus cachos florais numa tentativa por criar inflorescências sincronizadas morfológica e reprodutivamente. Esta vontade de transformação não foi bem reconhecida há 40 milhões de anos, mas acabou por ter enormes repercussões muito pouco depois. Nessa época existia uma moda extremamente revolucionária, que consistia em desenvolver de modo desigual as pétalas e algumas Crucíferas, como a que hoje estamos a ver, quiseram juntar-se a este extravagante e irreverente grupo. Mais tarde a história da vida acabou por ver nesta excentricidade uma oportunidade, e hoje elas vêm ter connosco para nos lembrar que sempre haverá vida por trás dessas espessas nuvens que, por vezes, caem sobre nós e nos adormecem numa tristeza impossível.
Por: António Crespí
Iberis ciliata subesp. contracta
(mesmo género)
Iberis ciliata subesp. welwitschii
(mesmo género)
Iberis pectinata
(mesmo género)
Iberis procumbens subesp. procumbens
(mesmo género)
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