Ononis natrix L.

Espécie

Ononis natrix

Descritor

L.

Género
Família
Ordem
Sub-classe

Rosidae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Nanofanerófito

Distribuição Geral

S, CW e W Europa, Região Mediterrânica e Macaronésia

Nome(s) comum

Joina-dos-matos
Joina-dos-matos-do-interior

Sinonimias

Ononis natrix L. subsp. hispanica (L. f.) P. Cout.
Ononis hispanica L. f.

No JBUTAD

Não

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

“Rufino Fernandes – Diretor Geral”

Há pouco mais de um ano que Rufino vê a mesma placa à entrada do seu flamante gabinete. O seu percurso profissional foi certamente invejável. Trinta e sete anos e já Diretor Geral! “Grande Rufino”, dizia para si enquanto olhava confiadamente para o generoso espelho que cobria uma das paredes do elevador que o transportava ao andar onde, entre reuniões, chamadas, assinaturas e frequentes apertos de mão, o Rufino era Diretor de diretores.

Rufino sabia de coisas ambientais. Tinha estudado a legislação do país e doutros países da Europa sobre estas matérias. Aconselhava o seu partido sobre esses assuntos e até alguma vez chegou a encabeçar alguma reunião com revoltados ambientalistas. Ele estava muito preparado para isto das avaliações ambientais e a proteção dos bichos e as plantas. Ele estudou isso na universidade, pois “… devemos ser responsáveis com o ambiente. É dele que depende o nosso futuro”. E tinha tanta razão…! “Quanto podemos aproveitar daquilo que temos e estamos sempre a pensar em mesquinhices!” Exclamava quando os seus colaboradores chegavam com essas coisas das providências cautelares e das paralisações de obras.

Já no escritório o Rufino dirige o seu olhar para a foto familiar, que ocupa um lugar de honra sobre aquela brilhante secretária. O Noel, orgulho da sua alma e coração, gostava tanto da quinta dos avôs lá longe, entre as montanhas. Ele ainda não compreende, pois com cinco anos de vida também quem pode compreender coisas como essas…!? Os avôs vão ter que deixar que parte dos terrenos sejam inundados por uma barragem que é necessária para todos, e especialmente para os que por essas terras vivem. “Coitados, finalmente é que aquela banda de velhotes vai poder ganhar algum”. Pensava o Rufino enquanto dava o seu valiosíssimo parecer favorável à avaliação de impacto ambiental. “Também os pais querem aqueles terrenos para quê? Já com a idade que têm mal conseguem tratar das vinhas e dos pomares”. Pensava o Rufino enquanto pela sua mente iam passando as imagens envelhecidas daqueles que por lá o viram correr enquanto criança ou nas férias, quando algo já mais crescido foi continuar estudos no liceu e na universidade da capital. “É preciso fazer alguma coisa para que essa miséria acabe. Ainda me vão agradecer eles e os que venha atrás deles”. Repetia para o seu íntimo, enquanto rubricava cada uma das folhas do longo e parecer.

Curiosamente o Rufino é mais uma vítima de uma história que nos ensinou a afastar-nos da miséria dos nossos vales e montanhas. De uma história que nos convenceu dos benefícios de uma industrialização servil e acanhada, sustentada na riqueza doutros que só viram em Portugal uma fonte de rendimentos próprios e nunca comunitários. De uma história que afastou os portugueses do seu valiosíssimo tesouro… Portugal. Um processo lento mas inexorável, em que as maravilhas naturais estavam sempre no império, enquanto as guerrinhas dinásticas e políticas faziam ninho na metrópole.

Bem mais de quatro mil espécies de flora, ainda muito longe de ser verdadeiramente conhecida, está a ser vítima da nossa mais furiosa e violenta cegueira: a cegueira da raiva e do medo. Hoje mostramos aqui a foto de uma planta que devia ser comum, mas que já não é: Ononis natrix L. Uma leguminosa (família Leguminosae) que formava parte desse gigantesco conjunto de Giestas do ocidente Mediterrânico que, neste caso, surgiam entre o cascalho e as areias dos leitos de cheia dos nossos grandes rios. Um pequeno arbusto que empurrado pelos fenómenos glaciares chegou até Portugal e encontrou refúgio em altitudes estranhas para ele, pois sendo tipicamente de montanha chegou a estar perto da foz do rio Douro e, muito provavelmente avançaria em tempos até o vale do Tejo.

Hoje ele também está a dizer adeus, bem é verdade que em parte empurrado pelo gradual aquecimento climático interglacial. Mas também essa despedida está a ser muito mais acelerada do que imaginamos, pois as cegueiras dos Rufinos deste nosso querido país assim o decidiram.


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

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Ficha técnica da espécie
Ononis natrix

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