Informação
Osmunda regalis
L.
-
Polypodiopsida (Filicopsida)
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Monilophyta (Pteridophyta)
Hemicriptófito
Cosmopolita: grande dispersão nas regiões temperadas e tropicais, ausente na Austrália e ilhas do Pacífico
Afentos
Fento-real
Fento-de-flor
Feto-real
Sim
Classificação IUCN
Ameaças
Durante o período soviético, centenas de toneladas de raízes foram exportadas para a Rússia e a Europa para a horticultura, especialmente para o cultivo de orquídeas (Matchutadze 2009).
A espécie está em declínio em muitas partes da Europa como resultado da destruição do habitat devido à agricultura. Na Croácia, a urbanização e drenagem de zonas húmidas foram relatadas como a causa da perda de habitat. No Reino Unido, não houve um declínio notável desde 1962. Na Geórgia, a população da espécie está aumentando desde que o impacto antropogênico (drenagem, melioração, fogo, pastagem) diminuiu nas áreas protegidas, mas o fogo continua sendo uma ameaça (Matchutadze 2009 ).
Na Noruega, a espécie foi descoberta pela primeira vez em 1938 e posteriormente foram encontradas mais populações. Não há evidências de declínio e até se suspeita que as espécies possam aumentar devido ao aquecimento global, no entanto, isso pode ser prejudicado pela baixa variedade genética dentro das populações atuais.
Medidas de conservação
Osmunda regalis está incluído nas seguintes Listas vermelhas nacionais:
Na França, a espécie é protegida a nível regional (Alsácia, Bourgogne, Centro, Champanha-Ardenas, Franco-Condado, Haute-Normandie, Ile-de-France, Lorraine, Picardie, Provença-Alpes- Côte d'Azur) e a nível departamental (Ain, Isère) (Muséum National d'Histoire Naturelle 2003-2012). Na Geórgia, a espécie é protegida a nível federal no Parque Nacional de Kolkheti e nas Áreas Protegidas de Kobuleti (Matchutadze 2009). t é claro que há declínios generalizados em partes da gama de espécies, no entanto informações adicionais devem ser coletadas na escala de declínios globais.
Distribuição em Portugal
Sempre que olhamos para a diversidade florística que nos envolve sentimos uma estranha sensação: a evolução também pode desistir?
Reparemos por um momento em plantas vasculares tão aparentemente arcaicas como os fetos, especialmente aqueles que já desenvolvem folhas grandes e frequentemente complexas (penatipartidas ou penatissetas) como as Monilófitas ou fetos com "frondes". Estamos a falar de um grupo de plantas vasculares com quase 400 milhões de anos, que ainda estão connosco e, aparentemente, de muita boa saúde!! Hoje podemos ver um exemplo deste fantástico grupo, o Feto-real ou Osmunda regalis L., mais especificamente a parte superior de uma fronde com esporos, em que a lâmina dessa parte do limbo da sua folha (fronde) é sacrificada para acolher os esporângios que acolhem os esporos. Estaremos perante um exemplo de esquecimento da evolução? Não propriamente. Temos a formidável oportunidade de apreciar a sabedoria da natureza.
O Feto-real funciona especialmente bem nos ecossistemas. O seu ciclo vital está muito bem adaptado a habitats úmbrios, húmidos e frescos. Nestas condições ambientais a Osmunda acolhe uma biocenose fantástica, com um conjunto de outras formas de vida associadas a ela ao longo de todo o seu ciclo vital; capaz de se desenvolver como uma erva vivaz com alturas que chegam a ultrapassar, algumas vezes, os dois metros; acompanhando os paleobosques que se desenvolvem nas galerias dos rios da faixa atlântica europeia e do Noroeste da África, ou em florestas tropicais e subtropicais húmidas do resto do mundo. Não há qualquer dúvida que à nossa frente temos um maravilhoso exemplo de estabilidade evolutiva. Este fenómeno é uma verdadeira contradição evolutiva, mas sem ele os ecossistemas teriam sérios problemas de funcionamento. Em todos os grupos biológicos existem vários exemplos deste enigmático mas imprescindível processo evolutivo. A evolução de cada grupo cria sempre autênticas obras de arte, quase perfeitas e extremissimamente úteis, mantendo-as por períodos de tempo impensáveis. Em grupos tróficos básicos, como o das plantas, este fenómeno é muito mais frequente, chegando a atingir intervalos de permanência de muitas dezenas de milhões de anos. Em qualquer caso, a evolução não se dá o luxo de parar, e de facto imprime nestes indivíduos uma dinâmica muito ralentada mas constante.
Não, o Feto-real não tem quase 400 milhões de anos, mas podemos encontrar restos fósseis de centenas de milhões de anos muito semelhantes a esta formidável espécie, regalando a nossa visão dos bosques que ornamentam as margens dos nossos rios. Um verdadeiro Rolls-Royce das nossas paisagens!!
Por: António Crespí
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