Phyla filiformis (Schrad.) Meikle

Espécie

Phyla filiformis

Descritor

(Schrad.) Meikle

Género
Família
Ordem
Sub-classe

Lamiidae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Caméfito

Distribuição Geral

Originária de C e S da América e naturalizada no Ocidente da bacia Mediterrânica

Nome(s) comum

Verbena

Sinonimias

No JBUTAD

Não

Galeria de imagens

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

Quando achamos que algo não está bem temos sempre a oportunidade de alçar a nossa voz e protestar. As democracias são cenários ideais para fazer com que sejam discutidos diferentes pontos de vista e que essas opiniões sejam ouvidas e analisadas, pelo menos na teoria… Este princípio da discussão e análise é também o que justifica a ciência. Fazer ciência não implica descobrir a razão da nossa existência, pois possivelmente a existência em si própria não tenha qualquer razão. Mas esta será para sempre a nossa sentença, pelo menos enquanto homínidos: procurar a razão das coisas, pensá-la, discuti-la, tentarmos compreender porque estamos vivos.

Por este motivo queremos voltar a pôr no tapete a tão desagradável e, ao mesmo tempo, extremamente polémica questão da “invasibilidade”. Quando crianças aprendemos que a invasão era a que seres alienígenas ou forças inimigas fariam para transformar-nos em seus escravos. Era preciso estarmos preparados perante a ameaça de sermos invadidos e era por essa razão que devíamos ser salvaguardados por tropas, ou por carrancudos agentes de segurança pública. A vida foi mudando e os cenários geopolíticos também. A invasão começou a tornar-se um fenómeno mais encoberto, calado e por vezes beneficioso. Aqueles que foram instituídos para nos protegerem de tão temida ameaça encaminharam-se para outras missões bem mais pacíficas e cooperantes. A nossa segurança deixou de ser acompanhada de repressão ou tortura e muitas vezes chegamos a sentir a necessidade de sermos invadidos por outras culturas, outros povos, outras formas de ver a vida. Porém esse polémico conceito persiste: a “invasão”.

Muitas são as espécies vegetais que foram recentemente recolhidas numa lista oficial de invasoras. Muitas foram as que, fruto do nosso sempre sarcástico e metódico cinismo, as acusamos de inimigas públicas e as transformamos em indesejáveis e indignas de conviverem connosco. Hoje trazemos aqui uma delas, embora não oficialmente invasora algum dia poderá vir a engrossar essa tremebunda relação de desprezáveis. A Phyla filiformis (Schrad.) Meikle é uma Verbenácea (família Verbenaceae) que veio do centro e sul da América. Entre a vegetação natural que tapeta as areias litorais do sul e este da Espanha encontramos uma prima desta bonita Verbena, a P. nodiflora (L.) Greene, mais um resto da nossa flora neogénica paleotropical (que contribui para afirmar que o atual regime climático mediterrânico não seja senão um tipo muito complexo de climatologia tropical monçónica). Mas para termos entre nós à P. filiformis tivemos que introduzi-la como planta de jardins, que gradualmente começou a explorar os ecossistemas ao que tinha sido levada, iniciando assim a sua triste caminhada ao sinistro e escuro abismo da invasibilidade. Ainda não é um táxon certamente ameaçador, pois ocupa habitats que para nós não têm grande relevância. Para ter uma ideia deste curioso fenómeno de ignorância premeditada, a planta aqui fotografada procede de uma zona intersticial de barragem (neste caso na província de Cáceres, Espanha). Estas áreas intersticiais surgem como resultado das variações dos níveis das águas, neste caso nas albufeiras que o Homem constrói. A vegetação natural não consegue dar resposta a esta pressão ambiental proporcionada pela periódica e constante subida e descida das águas, pelo que os ecossistemas devem fazer uso dessa mão-de-obra sempre disposta a trabalhar onde os outros não podem. Mas que ninguém tenha medo, a nossa implacável mão justiceira já tomou as providências necessárias e está de olho posto nesta pequena criminosa, que com tanto amor e carinho tenta ser útil para os ecossistemas que com tanto prazer e indiferença vamos destruindo.


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

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Ficha técnica da espécie
Phyla filiformis

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