Informação
Sedum forsterianum
Sm. in Sm.
Hamamelididae
Magnoliopsida
Magnoliophytina (Angiospermae)
Spermatophyta
Caméfito
W Europa
Arroz-das-paredes
Arroz-dos-telhados
Sedum elegans Lej.
Sedum forsteranum Sm.
Sedum forsteranum Sm. in Sowerby
Sedum rupestre L. subsp. elegans (Lej.) Hegi et Em. Schmid
Não
Distribuição em Portugal
Um dos aspetos mais relevantes das Angiospermas está na exploração da sua plasticidade morfológica. Este fenómeno biológico não nasce certamente com as plantas com frutos, pois já só pelo facto de possuir um tecido vascular os indivíduos conseguem recriar uma diversidade de morfologias muito mais acentuada. Mas este numerosíssimo grupo de plantas utiliza esta habilidade natural numa procura incessante pela variabilidade de respostas. Mais uma vez, e como não podia ser doutra forma, um esforço diversificador como este encontra nos órgãos reprodutivos uma especial incidência e relevância.
O exemplo que hoje contemplamos corresponde a uma Rosídea (Subclasse Rosidae) da família das Crassuláceas (Crassulaceae), trata-se da espécie Sedum forsterianum Sm. Este Arroz-das-paredes desenvolve uma inflorescência ramificada cimosa (o que tecnicamente designamos por “tirso corimbiforme”). Tal descrição pode não querer dizer qualquer coisa, mas encerra uma genialidade plástica extremamente atraente.
As Gimnospérmicas já sabiam fazer maravilhas como estas. De facto, muitos dos que vulgarmente conhecemos por Pinheiros concentram todas ou muitas das suas folhas em tufos sobre pequenos ramos. Esses pequenos pés são as tais ramificações cimosas, ou dito doutra forma, ramificações que param o seu crescimento, neste caso para sustentar na sua parte apical glomérulos de folhas. Algum dia falaremos com muita calma das Gimnospérmicas, pois têm sido muito mal tratadas pela comunidade científica devido a um pequeno problema evolutivo, que fez delas um grupo de marginais sociais. Nada mais injusto e absurdo...!! Mas, voltando ao assunto que hoje concentra a nossa atenção, qual seria a razão básica para desenvolver essa capacidade de parar o crescimento dos ramos? Façamos uma experiência simples. Peguemos num lápis e um papel e desenhemos uma longa linha. Juntemos a esta ramificações através de outras longas linhas em várias direções, e repitamos o processo tantas vezes como queiramos. Feito isto observemos o resultado... um verdadeiro emaranhado de linhas... Numa outra folha de papel trazemos novamente essa linha inicial, mas criemos agora ramificações com tamanhos diferentes. A medida que passemos a ramificações de ordens mais pequenas iremos reduzindo o tamanho dessas linhas. Observemos agora o que daqui resulta. A complexa rede de longas linhas, que caracterizava o primeiro desenho, acabará por criar uma objeto de maior tamanho e mais disforme do que a rede criada com linhas de tamanhos gradualmente menores, que caracteriza a segunda representação.
Meus caros amigos, descobrimos o controlo do crescimento! Estamos de parabéns, pois a partir daqui vamos poder elaborar um mundo quase infinito de formas.
A foto de hoje é um conjunto de ramos extremamente pequeninos, em que cada um deles sustenta uma flor. Tal trabalho de engenharia, que para o ser humano seria um verdadeiro quebra cabeças, foi resolvido com uma elegância e perícia monumental por parte desta humilde angiospérmica. Mais um desafio para a nossa tão limitada e inocente inteligência.
Por: António Crespí
Sedum acre
(mesmo género)
Sedum album
(mesmo género)
Sedum amplexicaule
(mesmo género)
Sedum andegavense
(mesmo género)
Sedum anglicum
(mesmo género)
Sedum arenarium
(mesmo género)
Sedum brevifolium
(mesmo género)
Sedum caespitosum
(mesmo género)
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