Tolpis barbata (L.) Gaertn.

Espécie

Tolpis barbata

Descritor

(L.) Gaertn.

Género
Família
Ordem
Sub-classe

Asteridae

Classe

Magnoliopsida

Sub-divisão

Magnoliophytina (Angiospermae)

Divisão

Spermatophyta

Tipo Fisionómico

Terófito

Distribuição Geral

Península Ibérica, N África (Marrocos, Tunísia e Argélia) e Macaronésia (Canárias e Madeira); introduzida Açores

Nome(s) comum

Leituga
Olho-de-mocho

Sinonimias

Crepis barbata L.

No JBUTAD

Não

Distribuição em Portugal

 

Noroeste ocidental
Noroeste montanhoso
Nordeste ultrabásico
Nordeste leonês
Terra quente
Terra fria
Centro-norte
Centro-oeste calcário
Centro-oeste arenoso
Centro-oeste olissiponense
Centro-oeste cintrano
Centro-leste motanhoso
Centro-leste de campina
Centro-sul miocénico
Centro-sul arrabidense
Centro-sul plistocénico
Sudeste setentrional
Sudeste meridional
Sudoeste setentrional
Sudoeste meridional
Sudoeste montanhoso
Barrocal algarvio
Barlavento
Sotavento
Berlengas

História e Evolução

Um dos temas mais discutidos na dinâmica dos sistemas é a “autorganização”. Para analisar esta questão temos hoje connosco uma Leituga, mais conhecida pelo sobrenome de Olho-de-mocho (Tolpis barbata (L.) Gaertn.). Esta colorida Composta ou Asterácea (Família Asteraceae) desenvolve uma inflorescência que, como todas as outras, possui uma autorganização própria adaptada às necessidades do indivíduo. Como podemos observar na fotografia, estes fornidos capítulos (que é assim como são designadas estas inflorescências) possuem três tipos de flores: umas periféricas constituídas por uma longa língua amarelada, seguidas por outras mais reduzidas que formam uma coroa de línguas mais pequenas e de coloração algo mais intensa, que envolve aquilo ao que chamamos “disco”. Este disco, de uma tonalidade púrpura mais intensa, está formada por flores em forma de pequenos tubos. Com ajuda dessas flores tubulares tem lugar um dos fenómenos naturais mais bem sincronizadas. Como tudo na Natureza temos de nos sentar para assistir a este lindo e solene espetáculo: A dança da vida.

Estas inflorescências estão desenhadas de modo a que pequenos grupos de flores vão sendo fecundadas de cada vez, garantindo assim uma heterogamia eficiente. O quê quer dizer isto? Analisemo-lo doutra forma. Imaginemos uma população de jovens que têm o desafiante papel de garantir a sobrevivência da sua espécie. Perante este difícil papel, os aguerridos e efervescentes moços decidem estabelecer um sistema de turnos. Enquanto as fêmeas são fecundadas sequencialmente, os machos ejetam o seu pólen de uma vez. Um mecanismo como este acaba por facilitar um dos fenómenos mais formidáveis da Natureza: a diversidade. Como? Enquanto algumas fêmeas vão ser fecundadas com pólen procedente dos seus parceiros de bairro, outras muitas estarão expostas ao pólen dos bairros vizinhos (já sejam capítulos da mesma planta ou de outras plantas mais ou menos próximas delas). De facto, no momento em que foi feita esta fotografia umas poucas dezenas de fêmeas estão expostas na fase de receção polínica (podemos ver os estiletes levantados com os dois estigmas no fim -a modo de dois pequenos pés curvados-).

Acaso não é este um dos métodos de autorganização mais eficientes? Através de tão simples mas maravilhoso esquema, um único capítulo terá o mais variado conjunto genómico de sementes. Num cenário não maior de três centímetros de diâmetro está concentrado um dos mais espantosos espetáculos naturais, gratuito e para todos os públicos…!!


Por: António Crespí

Inventário Florestal UTAD

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Ficha técnica da espécie
Tolpis barbata

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